Existem (uns só como projeto, como o dos EUA-México) alguns muros que são informalmente chamados de "muros da vergonha", que são construídos geralmente para impedir ou dificultar a passagem entre países ou regiões. O primeiro foi o muro de Berlim e os outros seis são: o fronteiriço EUA-México, o muro israelense na fronteira com a palestina, o muro de Marrocos-Saara Ocidental, o muro de Ceuta, o muro de Mellila e o muro da Coréia.
Eu sei que a comparação é exagerada, mas até o final do ano poderemos ter mais um desses muros que eu também classifico como uma vergonha. O jornal Le Monde publicou em sua edição do dia 23/01/09 a construção de um muro de 900 m que contornará a favela Dona Marta. Terá 1 m de tijolos coberto por uma grade de aço de 1,60 m. Também chamada de "fronteira ecológica"( creio que por tentar conservar a floresta primária vizinha, mas esse nome pode levar a uma interpretação repugnante) tem como uma das metas conter a expansão geográfica da favela ao mesmo tempo em que protege a floresta. Do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral: "a prioridade[deste muro] é enfrentar o tráfico de drogas e as milícias, impondo limites ao crescimento desordenado." Esse deverá ser o primeiro de uma série de muros em torno das favelas.
Tudo bem que questões como o crescimento desembestado das favelas, o tráfico de drogas, a violência e a preservação do que ainda nos resta de vegetação são urgentes, mas é óbvio que um muro não resolverá nenhum destes, nem como medida paliativa. São questões com raízes históricas, que como tentativa de solução seriam necessárias algumas reformas sérias, assim como políticas sociais muito mais atuantes.
É uma vergonha para o governo, que explicita sua falta de habilidade para lidar com esses problemas, e uma vergonha não só para a população dessas favelas, que terão de viver como se fossem necessárias grades, mas para a população inteira.