O verão só começa dia 21 de dezembro, mas já se sente na pele a forte onda de calor dos últimos dias. Todo esse calor antecipado deve-se ao fenômeno climático El Niño, que provoca o aumento da temperatura nas águas do Oceano Pacífico, e, consequentemente, variações no clima, como o aumento da temperatura na região Sudeste.
O sol forte lota as praias, as piscinas dos clubes, aumenta a procura por esportes aquáticos, como natação e nado sincronizado. Contudo, há receitas diferentes para se refrescar o verão. O catador de latinhas Cícero Souza, 42, dá a dele. “Eu tomo muito banho, durmo na calçada, que é mais fresco. Também tomo banho de gelo. Sabe, derreto o gelo e depois jogo em cima de mim.”
As escolas também devem sentir diferença na quantidade de alunos nos dias de muito calor. Em uma tarde de sexta na praia de Icaraí, em Niterói, encontram-se muitos estudantes uniformizados. O estudante Robert Figueira, de 14 anos, confessa que mata aula. “Quase todo dia para vir a praia. Teve um bimestre que eu estava com 24 faltas.” O estudante reclama da falta de chuveiros na praia. “Nem aqui e nem em Boa Viagem tem um chuveirinho”.
No entanto, nem tudo é sombra e água fresca nos dias ensolarados. Paulo Ricardo, 23, é segurança e vigia de uma obra e, por segurança, é obrigado a trabalhar com capacete, um macacão comprido preto e tênis. Rosângela Neves, 56, gari da Companhia de Limpeza de Niterói, também sofre com o uniforme no calor. “Antes podia vir de bermuda. Mas umas pessoas pegaram micose e agora só pode calça, não tem outra opção.”
*Texto produzido para a disciplina Oficina de Reportagem.